Por Catarina Castro
Doula – apoio ao nascimento e à parentalidade.
A doula é um profissional com conhecimentos integrados sobre as emoções e a fisiologia do parto e com formação específica para prestar apoio físico, emocional e informacional durante a gravidez o parto e no pós-parto.
Independentemente do tipo de parto: fisiológico, intervencionado, cesariana programada ou de emergência, a doula é uma presença contínua e tranquilizante ao longo de todo o processo de nascimento, contribuindo para uma vivência de parto saudável e o mais próximo possível do desejado pela mulher e pela sua família.
Durante a gravidez, a doula tem a oportunidade de conhecer a futura mãe e a família, o que permite construir uma relação de proximidade, confiança e segurança afectiva.
A doula, apoia as escolhas e as opções da mãe, escuta e desmistifica crenças, pesquisa e partilha informação científica actualizada, reconhece e baliza expectativas, partilha técnicas de respiração, posições e métodos não-farmacológicos para o alívio das contracções no parto. O trabalha é realizado em equipa com o pai ou acompanhante e com a equipa médica, no sentido de preparar a imprevisibilidade que é muitas vezes um parto.
No pós-parto a doula tem como função fortalecer a vinculação, apoiando a nova família a exercer a parentalidade como deseja. O trabalho pode incluir: escuta activa, apoio com a amamentação, massagens à recém mãe, preparação de refeições nutritivas, ajuda com os outros filhos, cuidar do bebé, partilha de dicas e truques para questões comuns (cólicas, sono do bebé, alívio de desconfortos do parto, alívio na descida do leite etc.). O leque de cuidados varia em função das especificidades de cada doula e das necessidades do binómio mãe/bebé.
Actualmente existem doulas especializadas no pós-parto que têm como função cuidar de uma forma mais profunda e continuada da mãe para que também ela possa cuidar do seu bebé.
A Biblioteca Cochrane de Medicina Baseada em Evidências refere que o apoio contínuo durante o parto permite:
- aumento de parto vaginal espontâneo,
- diminuição da duração de trabalho de parto,
- diminuição das taxas de cesariana,
- diminuição de partos vaginais instrumentalizados (fórceps ou ventosas),
- diminuição do uso de qualquer analgesia,
- diminuição do uso de epidural,
- melhoria no índice APGAR do recém nascido.
Há ainda diversos estudos que referem vantagens verificáveis no pós-parto como: aumento das taxas de amamentação, aumento da resiliência e da auto-estima da mãe, melhoria da interacção mãe-bebé, diminuição de medo e ansiedade materna, possibilidade de redução da depressão pós-parto. E, em termos sócio-económicos, diminuição dos custos hospitalares e mitigação das assimetrias económicas e sociais.
Talvez por tudo isto John Kennell, pediatra e investigador norte-americano co-autor - com Marshall Klaus - do primeiro estudo sobre a presença das doulas no parto tenha escrito: “Se a doula fosse um medicamento, seria antiético não o usar.”
Actualmente muitas doulas têm também formação e experiência na fase da pré-concepção e em casos de sub-fertilidade, famílias adoptantes, famílias mono-parentais, famílias que recorrem a IVF e ICSI, em situações de aborto e perdas gestacionais.
O que a doula não faz:
- Actos médicos,
- Tomar decisões pela mãe e o(a) acompanhante.
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